De onde surgiu o Carnaval Brasileiro?

O Carnaval é uma festa que surgiu, durante a Idade Média, em relação direta com o cristianismo. Alguns historiadores, no entanto, buscam encontrar as origens mais remotas que nos ajudem a entender algumas de suas práticas. Assim, o Carnaval pode ter surgido oficialmente na Idade Média, mas alguns elementos da festa foram herdados de celebrações da antiguidade.

Esses elementos antigos foram herdados de celebrações de diferentes povos, destacando-se os mesopotâmios, gregos e romanos. A ideia que marcava o Carnaval medieval era a do “mundo de cabeça para baixo”, isto é, um mundo no qual a ordem das coisas foi invertida temporariamente, sendo essa característica encontrada em uma festa mesopotâmica. Gregos e romanos realizavam festas em homenagem a Dioníso (Baco, para os romanos), e essas festas promoviam bebedeiras e outros prazeres carnais.

No decorrer da Idade Média e com a consolidação da Igreja Católica, houve uma busca pelo controle dos ímpetos festivos da população. Isso porque as festas eram tidas como exageros, portanto, propensas a práticas enxergadas como pecaminosas. Assim, durante a Alta Idade Média, a Igreja estabeleceu a Quaresma — período de 40 dias que antecede a Semana Santa e é marcado pela contrição e pelo jejum.

A existência de um período de 40 dias de rigidez e restrição conseguiu condensar o ímpeto festivo da população para as semanas e meses anteriores à Quaresma. O carnis levale, conhecido também como carne vale, surgiu como um período para as pessoas extravasarem seus desejos antes de iniciarem a Quaresma. A expressão significa “retirar a carne” e representa o Carnaval exatamente como o momento de preparação para que os prazeres carnais fossem retirados.

O Carnaval foi trazido para o Brasil pelos colonizadores portugueses. Os historiadores afirmam que a festividade se estabeleceu no país entre os séculos XVI e XVII e teve como primeira prática o entrudo. Essa brincadeira fixou-se primeiramente no Rio de Janeiro e era realizada dias antes do início da Quaresma.

O entrudo manifestava o clima de zombaria pública que regia o Carnaval e foi uma brincadeira muito comum até meados do século XIX. A sua manifestação mais tradicional era conhecida como “molhadelas”. Nelas, as pessoas jogavam líquidos malcheirosos umas nas outras. Alguns dos itens usados eram água suja, lama e urina.

No entrudo também eram usadas águas aromatizadas, e ele era realizado tantos pelas classes altas quanto pelas camadas populares. Além disso, era um momento de flertes, sobretudo quando mais privado, isto é, entre famílias.

Com o passar do tempo, essa prática foi sendo substituída nas elites por práticas carnavalescas em evidência na aristocracia europeia no século XVIII, e, assim, surgiram os bailes de máscaras no Brasil. A partir do século XIX, os bailes começaram a popularizar-se, e, com a criação de sociedades carnavalescas, foram levados para as ruas. Consolidava-se, assim, o hábito de mascarar-se durante o Carnaval brasileiro.

Essas sociedades carnavalescas também passaram desfilar publicamente. A partir do século XX, o envolvimento popular com a festa contribuiu para a consolidação de ritmos que incorporavam a influência da cultura africana na capital carioca. Assim, na década de 1930, o samba e os desfiles das escolas de samba tornaram-se elemento fundamental do nosso Carnaval. O sucesso das escolas de samba levou à construção e inauguração, em 1984, do Sambódromo, o local no qual os desfiles acontecem na cidade do Rio de Janeiro.

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